O culto do amador
Publicado em 21/01/2011 às 7h18, por: Andre Gugliotti
Nesse começo de ano, reli um livro muito interessante e que é muito bom para fazer pensar: “O culto do amador“, de Andrew Keen. O autor é bastante radical no sentido de mostrar o quanto a pirataria e sites onde o conteúdo é gerado exclusivamente pelo usuário comum (como muitos sites e como esse blog por exemplo, já que apesar de selecionar e procurar fazer o melhor possível, ser blogueiro não é minha primeira opção).
Eu gostaria de focar no ponto da produção de conteúdo de qualidade. Por várias vezes polemizei em sites e listas de e-mail sobre a questão da pirataria e do roubo da propriedade intelectual. Ninguém trabalha de graça, nem mesmo quando se faz caridade. E não falo em dinheiro, mas no que o dinheiro compra. As contas de água, luz, telefone ou supermercado não podem ser pagas com um “Deus te abençoe” ou um “Muito obrigado e bom dia”. As pessoas precisam de dinheiro para viver, isso não está em discussão.
Porém, quando não se dá o devido valor à produção intelectual, ela diminui e tende a ficar em segundo plano. Se eu já sei que o material que me dará trabalho para pesquisar e escrever, além de consumir recursos para publicá-lo e distribuí-lo, será “socializado” por espertinhos que creêm que todo conteúdo é livre, não terei motivação para produzi-lo. Além disso, indo contra a pregação daqueles que gostam de distribuir o que é dos outros, nem sempre há outras formas de se rentabilizar o trabalho de produção de conteúdo.
Como será então o mundo quando as pessoas detentoras de conhecimento se recusarem a produzí-lo porque precisam dedicar-se a outras atividades na busca por sua sobrevivência? Como será quando a quase totalidade do conteúdo tiver origem em amadores, que não estudaram pra isso, nem tem certeza do que falam e escrevem, propagando informações erradas ou incompletas? A única forma de se aprender é ter mestres, pessoas que saibam, conheçam, estudem, aprofundem-se em suas áreas de conhecimento. Infelizmente, eles estão em falta e a tendência é que sejam substituídos por amadores.
A resposta não é para essa geração, nem pra próxima. Posso estar errado, mas concordo com grande parte do que Andrew Keen pregou no livro. E pregar é o termo correto.
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