Projetos Digitais: Por que a evolução contínua supera os recomeços
Publicado em 16/11/2024 às 12h26, por: Rodrigo Neves
As empresas frequentemente buscam a inovação como uma vantagem estratégica, não é? No entanto, um erro comum é recomeçar projetos digitais ao invés de aprimorar e evoluir as bases já estabelecidas e isto acontece por alguns fatores que vou abordar a seguir.
Essa prática pode resultar em custos elevados, perda de produtividade e interrupção no progresso da maturidade digital. Neste artigo, também trago os riscos do “recomeço, refazer” e como uma abordagem de evolução contínua e sustentação de projetos pode ser mais eficaz.
Por que as empresas recomeçam ao invés de evoluir?
Na minha experiência de mais de 20 anos no ecossistema digital, são vários os motivos, mas os mais frequentes são estes 03 (três) que vou listar a seguir:
Motivo 1: A famosa falta de planejamento de continuidade
Isto acontece com mais frequência que deveria. Muitas empresas lançam um projeto digital, seja um website , aplicativo, e-commerce ou até mesmo uma plataforma e não entendem que a partir do momento que algo é criado precisa ser mantido e evoluído, senão, fica para trás.
Então, muitos projetos são lançados e tão rápido já ficam obsoletos e em desuso. Não ter um roadmap evolutivo muito bem definido causa fracassos constantes, e daí, voltamos muitas vezes à prancheta para entender onde foi o erro e caímos na famosa refação.
Motivo 2: Escolhe errada de fornecedor
Muitas vezes motivadas por um fator que é o norte da maioria das concorrências: PREÇO.
Sim, infelizmente existe a cultura de achar que os concorrentes que oferecem o menor preço, mesmo sendo o mesmo escopo, vão entregar exatamente a mesma coisa. E não é assim que funciona na prática.
Não acho que o menor preço é o pior fornecedor e nem que o maior preço é o melhor. Mas a questão aqui central é entender se a empresa realmente possui a experiência histórica e a técnica necessária para executar o projeto na qualidade que se precisa, levando em consideração inclusive que você pretende ter um plano de continuidade, correto?
Avaliar a contratação de um projeto digital apenas baseada em preço é um equívoco grande. Tem que ser avaliado tudo o que está contemplado. Quais volumes de horas estão envolvidos, se o escopo (no detalhe) do que vai ser entregue é o mesmo e qual a senioridade dos profissionais envolvidos.
Motivo 3: Mudança de liderança na empresa
Quando um projeto é recomeçado ou descontinuado porque mudou o posicionamento ou a estratégia da empresa é algo que faz parte do processo e tem que ser levado muito em consideração. Afinal, nem sempre o que era bom, agora vai ser funcional para o novo momento.
Em muitos casos, mudanças de liderança trazem consigo uma tendência a “recomeçar” sob o pretexto de inovação.
Mas infelizmente nos deparamos com a refação de projetos motivada apenas pelo fato que que a liderança quer colocar a sua vaidade à frente dos interesses reais da instituição. Isto é gravíssimo e causa um enorme retrocesso tecnológico, causando frustração nas equipes envolvidas, perda de base histórica e muitas vezes o recomeço na relação com novos fornecedores que não conhecem a empresa, seus negócios, premissas e particularidades.
O conceito de Maturidade Digital e a importância da continuidade
Maturidade digital representa a capacidade de uma empresa de adotar e integrar práticas digitais de maneira progressiva e sustentável, promovendo uma transformação digital que não se limita a adotar novas tecnologias, mas a integrá-las de forma a criar valor contínuo.
De acordo com a consultoria Gartner, organizações com estratégias digitais maduras são significativamente mais eficazes em adaptar-se rapidamente a mudanças de mercado e responder a novas demandas dos consumidores. Essa eficácia resulta da construção contínua sobre bases sólidas, permitindo que cada inovação e ajuste se somem ao que já foi implementado, aproveitando dados, insights e processos consolidados.
Empresas que recomeçam projetos, em vez de evoluí-los, acabam abandonando o histórico e a expertise acumulados, o que pode significar perda de competitividade.
Um estudo da McKinsey aponta que 75% das empresas que seguem uma abordagem evolutiva de maturidade digital obtêm retorno sobre o investimento digital até 50% mais rápido, em comparação às que adotam uma mentalidade de recomeços.
A continuidade permite que ajustes incrementais gerem impacto sem descontinuidade, criando um ambiente onde o aprendizado e as melhorias se somam, impulsionando a eficiência operacional e a inovação de forma sustentável.
Impactos negativos de mudanças frequentes de plataformas digitais já construídas
Estatísticas (Gartner, 2023) indicam que cerca de 45% das empresas enfrentam desafios de adaptação ao implementar novos sistemas, levando entre seis meses a um ano para estabilizar o uso, é destacada em um estudo da McKinsey. E com isto podemos destacar os seguintes impactos:
- Aumento dos custos operacionais: Custos de implementação, integração e treinamento em uma nova plataforma podem ser substanciais.
- Perda de produtividade: Equipes são forçadas a se readaptar, o que compromete a produtividade e cria um hiato entre o valor que era entregue e o tempo necessário para alcançar o mesmo nível na nova plataforma.
- Descontinuidade de Dados e Processos: Dados históricos e fluxos de trabalho refinados ao longo dos anos são interrompidos, gerando retrabalho e perda de insights valiosos para decisões futuras.
A sustentação evolutiva como pilar da Maturidade Digital
Quando o foco na maturidade digital se perde em prol de mudanças radicais, as estratégias de longo prazo são interrompidas.
Estudos mostram que organizações que mudam de sistema mais de três vezes em cinco anos tendem a apresentar um crescimento de maturidade digital 30% menor do que empresas que seguem uma linha evolutiva contínua (fonte: McKinsey, 2022).
Isso reforça a importância de uma liderança comprometida com uma visão de crescimento incremental.
Para atingir uma maturidade digital robusta, é essencial adotar uma mentalidade de continuidade e aprimoramento. Mudanças podem ser necessárias, mas devem ser feitas com foco no crescimento incremental, preservando os recursos e a expertise acumulada.
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