Escolhendo a plataforma de lojas virtuais – parte 1/4
Publicado em 06/07/2016 às 10h00, por: Andre Gugliotti
Está em dúvida como escolher uma plataforma para sua loja virtual? Este tutorial é destinado a apresentar os principais pontos sobre essa questão e está dividido em quatro partes. Você também pode buscar outros artigos sobre plataformas de lojas virtuais aqui no blog.
Você quer ter sua loja virtual e não sabe ao certo quais são suas opções? Acha estranho quando alguém fala que pode optar por ter uma loja própria ou alugar um espaço? Fica em dúvida sobre o que avaliar quando deve escolher o fornecedor para sua plataforma de lojas virtuais? Pois então esse tutorial é para você. Em quatro semanas, vamos avaliar quais são os modelos de plataformas disponíveis e nos aprofundarmos em cada um deles.
Para complicar um pouco, você já deve saber que pode trabalhar com mais de um deles. Exato, além de sua loja virtual, aquela que leva a marca de sua empresa e na qual você é o único a vender seus produtos, existe a possibilidade de atrair mais pessoas e incrementar suas vendas com os marketplaces. O importante é que você deve saber exatamente para que usar cada um deles na hora de compor o mix de canais de vendas.
Além desse tutorial, trechos importantes de meu livro Construindo uma loja virtual falam sobre como preparar sua empresa para vender online. Recomendo, é uma boa leitura, agradável e instrutiva.
1) Modelos de plataformas
Não dá para começar a falar sobre como escolher uma plataforma para sua loja virtual sem passar pela conceituação dos três principais tipos existentes hoje. É preciso entender quais são e o que são cada uma das opções antes de poder compará-las. Esse primeiro artigo é destinado a isso.
Marketplaces
Há uma dúvida quando se diz que esse conceito já existe há tempos ou se ele é recente (ao menos aqui no Brasil). Se pensarmos que um marketplace é um site que vende produtos de diferentes vendedores, sem que ele mesmo necessariamente venda seus próprios produtos, temos o Mercado Livre há muitos e muitos anos em nossas praias. Se pensarmos que um marketplace é um site de um grande varejista, que abre suas portas para vender produtos de terceiros (mesmo que eles concorram com seus próprios produtos), então não temos essa modalidade há muito tempo.
Vou ficar no meio termo, pois ambos os modelos serão tratados sob a mesma ótica nesse tutorial: um site de terceiros onde você expõe seus produtos, vende aos clientes desse site e paga uma comissão por isso. Todo o trabalho de abastecimento de informações, gerenciamento de estoque, processamento e entrega dos pedidos segue estando em sua mão. O marketplace cuida de exibir seus produtos para um público muito maior do que aquele que sua loja consegue atingir.
De modo resumido, o resultado de vendas no marketplace continua sendo em grande parte dependente de você. Se você entra com a cabeça de “basta colocar o produto no marketplace X e esperar as vendas acontecerem”, provavelmente acabará frustrado e reclamando que “tal marketplace não vende nada”. Se você preparar uma estratégia, entrando em marketplaces que sejam pertinentes ao seu negócio, onde seu público-alvo navega, separando produtos que tenham apelo de vendas e com preços competitivos, além de conseguirem um diferencial frente aos demais concorrentes que oferecem o mesmo produto naquele espaço, então provavelmente você terá bons resultados. Perceberam a maneira de olhar?
Lojas alugadas
A cabeça do brasileiro preza muito o ponto próprio, a casa própria, o espaço que pode ser chamado de seu e que ninguém pode tirar, mesmo às custas de infinitas prestações. No mundo virtual, a mentalidade segue muito parecida, com muitas empresas investindo muito dinheiro em uma loja própria. A grande questão é: quando se monta uma empresa física, a maioria delas começa com um ponto alugado. Por que não fazer o mesmo quando se trata da empresa virtual?
Uma loja alugada é exatamente o que o nome diz: um espaço que não pertence totalmente ao dono da loja e que é perdido caso o lojista deixe de pagar o aluguel. Até pouco tempo atrás, o “perdido” era literal, nada se salvava. Se você mudasse de provedor (que é como se chama a empresa que aluga a loja virtual para você), nada poderia ser retirado, todo o histórico estaria perdido. A situação tem mudado e os provedores atuais normalmente permitem que você exporte dados como produtos, clientes e pedidos.
Ainda assim, muita coisa não se aproveita. O layout (a cara da loja, também chamado de tema), usualmente é próprio da plataforma empregada e não pode ser reutilizado em outro plataforma. Um exemplo é se pensarmos em frisos cromados para um Fiat Uno. Você os comprou e os colocou em seu Fiat Uno. Depois de um tempo, quando você vender o carro, até poderia retirá-los, mas eles não serviriam em outro carro que não fosse outro Fiat Uno.
Outra analogia são móveis planejados. Você alugou o apartamento quando se casou e ganhou a cozinha planejada de seus padrinhos. Depois de poucos anos, quando nasceu o segundo filho e você decide ir para outro apartamento (outro alugado maior ou até mesmo um próprio), não há porque levar a cozinha, pois ela foi feita sob medida para aquele espaço. Para você, no entanto, aquela cozinha foi útil e compensou o investimento (mesmo que seus padrinhos tenham pago por ela). De quebra, todos os eletrodomésticos serão úteis na nova cozinha (a menos que vocês decidam renovar tudo!).
É o mesmo com uma loja virtual alugada. Uma vez escolhida a empresa que alugará o espaço, tenha consciência de que a maioria das coisas que você fará não são para sempre. Pensando que o custo dos itens a serem contratados/comprados terão um tempo para retornarem o investimento e se preocupando que os dados possam ser extraídos em formato legível, você terá nela sua melhor parceira.
Lojas próprias
Se sua loja já é maior e você não se sente confortável com nenhum provedor de lojas alugadas ou se sua empresa vende produtos ou serviços que dependem de um alto nível de customização, onde você tenha que fazer modificações no sistema não permitidas pelos provedores, seu caminho é a loja virtual própria.
Uma loja própria também é como o próprio nome diz, embora aqui existam algumas pegadinhas que devem ser bem avaliadas antes de começar os trabalhos. Tecnicamente, uma loja própria é sua, o que significa que você pagou por ela e por todo o seu desenvolvimento, tendo instalado o software em uma conta própria, em um servidor em sua própria empresa ou em um provedor de internet. Dessa forma, você tem acesso total ao código e total liberdade para fazer o que bem entender com ele: mudá-lo, adaptá-lo, levar para outro provedor, etc.
Essa é a saída necessária quando você precisa fazer modificações ou ter total controle sobre o que acontece com a loja: digamos que você vende produtos que dependem de estoques espalhados em diferentes locais do Brasil e cujo controle tributário seja implantado no próprio sistema da loja (o melhor seria um ERP, mas digamos que você quer assim). Creio que nenhum provedor de lojas alugadas ofereça essa opção e sua única opção é desenvolver essa solução, personalizada para sua empresa. Você pode também querer a liberdade de configurar os recursos do servidor e a forma como o sistema operacional reagirá às diferentes situações.
Como vou falar mais pra frente, é preciso apenas ter atenção para que a loja seja realmente sua, com código aberto e total acesso aos servidores. Muitas empresas têm vendido lojas próprias que na verdade não podem ser hospedadas em outros lugares que não sejam a conta da própria empresa desenvolvedora.
.comentários