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Evite o efeito manada do Desenvolvimento Orientado a Modinha (DOM)

Desenvolvimento

Cansado de surfar na onda das tendências tecnológicas efêmeras? Descubra estratégias essenciais para identificar e adotar inovações duradouras, evitando as armadilhas do Desenvolvimento Orientado a Modinha (DOM).

Em um mundo tecnológico que avança a passos largos, manter-se atualizado com as últimas tendências pode ser tão desafiador quanto discernir quais delas realmente têm o potencial de se estabelecer no mercado. A cada dia, novas ferramentas e metodologias surgem prometendo ser a próxima grande revolução na forma como desenvolvemos software. No entanto, a realidade é que muitas dessas novidades acabam não passando de uma moda passageira.

Refletindo sobre essa realidade, deparei-me com um artigo de 2016 que discutia a efemeridade das tendências tecnológicas e como, surpreendentemente, sete anos depois, essa discussão se tornou ainda mais relevante. O ritmo acelerado das inovações tecnológicas não apenas persistiu, mas intensificou-se, trazendo consigo um desafio constante para as empresas de tecnologia: a escolha criteriosa das ferramentas que adotarão em seus projetos, evitando o risco de investir em tecnologias que rapidamente se tornam obsoletas e cujos especialistas são escassos.

Como CEO com 18 anos de experiência à frente de uma produtora de tecnologia, vivenciei de perto as armadilhas que são classificadas como Desenvolvimento Orientado a Modinha (DOM).

Esse fenômeno, também conhecido como Hype Driven Development, é caracterizado pela adoção de tecnologias baseadas mais no apelo popular do momento do que em análises aprofundadas de sua aplicabilidade e sustentabilidade a longo prazo.

O artigo que inspirou essas reflexões, publicado originalmente no DaftCode Blog, aponta para uma realidade onde as decisões de arquitetura de software e escolha de stacks tecnológicas são frequentemente influenciadas por opiniões superficiais, tendências em redes sociais e o que é considerado “in” no momento.

Contrapondo-se a essa abordagem efêmera, existe a Engenharia de Software Sólido, uma metodologia que preconiza decisões baseadas em pesquisa robusta e avaliação criteriosa do impacto que as tecnologias terão nos projetos.

Este artigo visa explorar essa abordagem mais aprofundada e oferecer insights sobre como evitar cair na armadilha dos hypes tecnológicos.

A armadilha do novo: quando a tecnologia da moda compromete o progresso

Parece um déjà vu tecnológico: uma equipe de desenvolvimento se encanta pela última inovação que promete revolucionar o mercado. Influenciados por um artigo influente, um burburinho nas redes sociais ou uma palestra inspiradora em uma conferência recente, todos concordam em adotar a mais nova e reluzente tecnologia ou abordagem de arquitetura de software. A esperança é que essa decisão catapulte o projeto para o sucesso, acelerando o desenvolvimento e elevando a qualidade do produto final.

No entanto, a realidade pode ser bem menos brilhante. À medida que a equipe mergulha no uso da nova ferramenta, o progresso esperado se transforma em uma série de obstáculos. A produtividade não só estagna, mas retrocede. O entusiasmo se transforma em desilusão, e a equipe se vê atolada em um mar de bugs e complicações técnicas. A entrega da próxima grande atualização, que parecia estar ao alcance, agora parece uma miragem distante, e o mantra repetido se torna um eco vazio: “Só mais alguns dias para acertarmos tudo.”

Esse cenário é um testemunho do perigo de cair na sedução do Desenvolvimento Orientado a Modinha (DOM), em que a promessa de inovação pode cegar até mesmo os mais experientes profissionais de tecnologia. É um lembrete de que, no desenvolvimento de software, a cautela e a pesquisa cuidadosa devem prevalecer sobre o entusiasmo passageiro por tendências efêmeras.

Desenvolvimento Orientado a Modinha (DOM)

O Desenvolvimento Orientado a Modinha, também conhecido como Hype Driven Development, é um fenômeno multifacetado que pode influenciar seu projeto de inúmeras maneiras, algumas sutis e outras nem tanto. Aqui estão algumas das variantes mais comuns.

Desenvolvimento Orientado a Influenciador: acontece quando uma equipe ou mesmo um desenvolvedor solo escolhe uma tecnologia, arquitetura ou design baseando-se no que está em alta nas postagens de um influenciador no Reddit, Hacker News, Twitter, Instagram, GitHub ou outras redes sociais. A opinião de um blogueiro popular pode, de repente, tornar-se a bússola para a tomada de decisões críticas.

Desenvolvimento Orientado a Palestras: o retorno de uma palestra ou fórum pode ser um momento de grande inspiração ou o início de um pesadelo tecnológico. A empolgação pós-evento pode levar a equipe a adotar o mais novo paradigma, biblioteca, framework ou arquitetura sem a devida diligência, pavimentando um caminho repleto de armadilhas e desafios inesperados.

Desenvolvimento Orientado ao Cara que Fala Mais: nesse cenário, o membro mais vocal da equipe, frequentemente sem experiência prática, promove incessantemente um novo framework, biblioteca ou tecnologia. Sua persistência e entusiasmo podem acabar por convencer a equipe a adotar a novidade sem uma avaliação crítica adequada.

Desenvolvimento Orientado a Stack Overflow: uma das práticas mais difundidas é a de copiar e colar soluções do Stack Overflow ou de outros fóruns na web sem compreendê-las completamente. Isso pode levar a soluções que funcionam momentaneamente, mas que não são sustentáveis a longo prazo e podem introduzir mais problemas que soluções.

Dissecando o hype: entenda como funciona em uma linha do tempo

O fenômeno do hype tecnológico segue um padrão previsível, quase anatômico, que se repete cíclica e invariavelmente. Vamos explorar a anatomia desse ciclo.

1. Identificação do Problema e Criação da Solução: tudo começa com um desafio real enfrentado por uma equipe dentro de uma empresa. A solução parece inatingível com as ferramentas atuais, levando à invenção de uma nova estrutura, biblioteca ou paradigma. A solução é implementada, e o problema, aparentemente, é resolvido.

2. Geração de Buzz e Palavras-chave: a empolgação da equipe é palpável, e eles estão ansiosos para compartilhar suas conquistas com o mundo. Posts de blog, palestras e conferências proliferam, exaltando os resultados da solução inovadora. No entanto, o entusiasmo geralmente excede a compreensão do problema original e da complexidade da solução, resultando em uma comunicação ruidosa e distorcida.

3. A Obsessão: a força do hype é magnética, atraindo desenvolvedores para lerem mais e mergulharem em conferências. Equipes ao redor do globo começam a adotar a nova tecnologia, muitas vezes sem uma avaliação crítica de sua aplicabilidade aos seus próprios problemas. A expectativa é alta, alimentada pela promessa de uma solução milagrosa.

4. O Desapontamento: à medida que os sprints se sucedem, a realidade se instala. A nova tecnologia não só falha em atender às expectativas elevadas, como também adiciona camadas de complexidade e trabalho extra. A produtividade sofre, a frustração cresce e a desilusão se instala.

5. A Realização: eventualmente, a equipe reflete sobre a experiência e avalia os prós e contras da nova tecnologia. Eles ganham uma compreensão mais profunda de onde e como a tecnologia pode ser efetivamente aplicada. A sabedoria é adquirida, mas é uma lição que pode ser esquecida rapidamente com o surgimento do próximo grande hype.

Esse ciclo do hype é um lembrete constante da necessidade de uma abordagem equilibrada e fundamentada na seleção de tecnologias. É um apelo à prudência, à pesquisa e à reflexão crítica, para que as equipes de desenvolvimento possam navegar com sucesso pelas águas turbulentas das tendências tecnológicas sem se perderem no mar de novidades que prometem muito, mas nem sempre entregam resultados concretos.

Analogia: como navegar sem ser sugado pelo DOM?

À medida que navegamos pelas águas turbulentas do desenvolvimento tecnológico, é essencial manter o leme firme e evitar ser arrastado pela correnteza do Desenvolvimento Orientado a Modinha (DOM). As estratégias que delineamos aqui não são apenas salvaguardas contra as ondas passageiras de hypes tecnológicos, mas também faróis que iluminam o caminho para um desenvolvimento sustentável e bem fundamentado.

A Experimentação como Bússola: antes de zarpar em direção a uma nova tecnologia, é prudente testar as águas. Construir um protótipo não é apenas uma etapa de validação, mas uma oportunidade de aprendizado imersivo que pode revelar tanto as correntes favoráveis quanto os recifes ocultos.

Hackathons como Mapas Náuticos: esses eventos são como explorar cartas náuticas antigas, oferecendo vislumbres dos territórios desconhecidos das tecnologias emergentes. Eles permitem que as equipes se familiarizem com o terreno, compreendendo os riscos e as recompensas antes de se comprometerem com uma rota de longo prazo.

Avaliação de Riscos e Retornos: assim como um capitão avalia as condições antes de uma viagem, as equipes devem ponderar cuidadosamente o momento certo para adotar novas tecnologias. É uma questão de avaliar se o vento do progresso realmente inflará as velas ou se apenas provocará ondas que podem virar o barco.

Conhecimento e Experiência como Ancoradouros: a sabedoria acumulada é como um porto seguro contra as tempestades do hype. Profissionais com uma base técnica robusta e uma rica tapeçaria de experiências passadas são menos propensos a serem levados por promessas vazias e mais aptos a fazer escolhas que resistirão ao teste do tempo.

Sendo assim, posso concluir que a jornada para evitar o DOM é contínua e requer vigilância, curiosidade e um compromisso com a aprendizagem e a excelência.

Ao ancorar nossas decisões em práticas sólidas e conhecimento profundo, podemos navegar com confiança em direção a um futuro em que a inovação é guiada pela substância e não apenas pelo estilo.

Que essas práticas sejam o vento em nossas velas, conduzindo-nos não apenas a seguir tendências, mas a estabelecer um curso que seja verdadeiramente benéfico para nossos projetos e para o campo da tecnologia como um todo.

REFERÊNCIA:
https://blog.daftcode.pl/hype-driven-development-3469fc2e9b22b

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